Justiça decide que acusado de agredir e matar sambista Paulo Onça vai a júri popular em Manaus
09/10/2025
(Foto: Reprodução) Motorista acusado de matar Paulo Onça vai usar tornozeleira eletrônica em Manaus
O comerciante Adeilson Duque Fonseca, acusado de agredir e matar o sambista Paulo Juvêncio de Melo Israel, conhecido como Paulo Onça, será julgado pelo Tribunal do Júri Popular. A decisão é do juiz Fábio César Olintho de Souza, da 1ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Manaus, e foi proferida nesta quinta-feira (9).
Paulo Onça foi agredido até desmaiar na madrugada de 5 de dezembro, após colidir contra o carro de Adeilson Duque na rua Major Gabriel, na Zona Sul da capital. Câmeras de segurança mostram o músico avançando o sinal vermelho antes da batida.
Após o impacto, o comerciante desceu do veículo e iniciou a agressão. Paulo foi internado em estado grave e permaneceu em unidades de saúde até sua morte.
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Segundo a Justiça, o réu vai responder por homicídio qualificado, com as agravantes de motivo fútil e recurso que impossibilitou a defesa da vítima. Na decisão, o magistrado destacou que a confissão do réu, somada aos vídeos das agressões e aos depoimentos de testemunhas, justificam o envio do caso ao júri popular.
O juiz rejeitou a tese da defesa de que a morte tenha ocorrido por causas posteriores à internação, afirmando que as complicações foram um desdobramento direto, previsível e natural das agressões.
Apesar da decisão de pronúncia, Adeilson vai continuar a responder ao processo em liberdade provisória, com base na conduta processual considerada adequada até o momento e no cumprimento das medidas cautelares impostas, como comparecimento periódico à Justiça.
Adeilson Duque preso suspeito de agredir o sambista Paulo Onça, em Manaus.
Francisco Bento, da Rede Amazônica.
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A noite do crime
Vídeo revela agressões sofridas por sambista amazonense após acidente de trânsito
Uma câmera de segurança registrou o acidente, ocorrido pouco depois da meia-noite. O vídeo, obtido pela Rede Amazônica, mostra que o carro do compositor passou no sinal fechado e colidiu com o veículo do comerciante, que agrediu o sambista até deixá-lo inconsciente.
A pedido da Polícia Civil, a Justiça decretou a prisão preventiva de Adeilson Duque, que passou a ser considerado foragido pela então tentativa de homicídio contra o sambista.
Adeilson Duque Fonseca se entregou na noite de 7 de dezembro, no 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP). No dia 30 de maio deste ano, em audiência de instrução presidida pelo juiz de direito Fábio Olintho de Souza, Adeilson passou a responder pelo crime de homicídio qualificado.
Adeilson Duque Fonseca teve a prisão preventiva revogada pelo Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) em 16 de setembro. Desde então, ele é monitorado por tornozeleira eletrônica.
Na decisão que revogou a prisão, o TJAM considerou que o acusado estava detido havia mais de seis meses, é réu primário, possui endereço fixo e exercia profissão lícita antes da prisão. O tribunal entendeu que não havia mais fundamentos para manter a medida de privação de liberdade.
Após a revogação da prisão, o presidente do Tribunal de Justiça do Amazonas, desembargador Jomar Fernandes, encaminhou à Corregedoria-Geral de Justiça um pedido para apurar possível descumprimento de dever funcional do juiz que concedeu a liberdade.
Morre Paulo Onça
Paulo Onça é um famoso sambista do Amazonas
Divulgação
O sambista Paulo Onça, 63 anos, morreu no dia 26 de maio, em Manaus. Ele estava internado há mais de cinco meses depois de ser agredido após um acidente de trânsito na capital, no mês de dezembro.
Paulo Onça foi compositor da Grande Rio e teve diversas parcerias com cantores renomados, como Jorge Aragão e Zeca Pagodinho.
Natural de Manaus, Paulo Onça começou sua trajetória musical aos 16 anos e, em 1990, se destacou na Escola de Samba Vitória Régia com o samba "Nem Verde e Nem Rosa", que consagrou a escola campeã e se tornou um verdadeiro hino do carnaval local.
Manteve uma grande amizade com o cantores Zeca Pagodinho e Arlindo Cruz, que o ajudaram com a carreira musical na capital carioca. Além disso, suas músicas foram interpretadas por grandes nomes como Leci Brandão, Jorge Aragão, Dudu Nobre e o grupo Exaltasamba, tornando-se verdadeiros clássicos do samba.
Sambista Paulo Onça deixa legado na música brasileira com trajetória de sucessos