Inflação fica acima do limite de tolerância do Banco Central pelo sexto mês seguido
11/07/2025
(Foto: Reprodução) No acumulado em 12 meses, a inflação bateu 5,35% - acima da meta, que é de 3%, podendo flutuar dentro de um intervalo. Inflação fica acima do limite de tolerância do Banco Central pelo sexto mês seguido
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Por seis meses seguidos, a inflação oficial do Brasil ficou acima do limite de tolerância do Banco Central, descumprindo a chamada meta contínua, que entrou em vigor no início de 2025.
O preço da energia elétrica pesou no resultado da inflação de junho. A bandeira vermelha patamar 1 gerou uma cobrança extra nas contas de luz. Em junho, a inflação oficial foi de 0,24%, um pouco abaixo do índice de maio.
No acumulado em 12 meses, a inflação bateu 5,35% - acima da meta, que é de 3%, podendo flutuar dentro de um intervalo até 4,5%. Nas famílias e também nas empresas, saber como anda a inflação é fundamental na hora de tomar decisões sobre as contas. E é papel do Banco Central manter a inflação sob controle, dentro da meta.
Até então, o Banco Central buscava cumprir a meta usando como referência o ano-calendário - de janeiro a dezembro. A partir de 2025, a avaliação é contínua, e a meta é considerada descumprida quando a inflação acumulada em 12 meses ficar fora do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos.
E foi o que aconteceu agora, obrigando o Banco Central a dar explicações. Na carta enviada ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, atribuiu o estouro a diversos fatores, entre eles, a economia aquecida e a desvalorização do real em relação ao dólar.
O documento também cita a alta nos preços do café moído e de carnes, pressionando a inflação da alimentação no domicílio, e a alta do etanol, que afeta bens industriais e, indiretamente, o preço da gasolina. Além de piora do cenário hídrico, que resultou em mudanças da bandeira tarifária de energia.
Galípolo afirmou ainda que o Banco Central tem tomado as providências para cumprir a meta e que aguarda os efeitos do ciclo de alta dos juros na economia. A previsão do BC é que a inflação retorne aos limites estabelecidos no intervalo de tolerância a partir do final do primeiro trimestre de 2026.
“O Banco Central tem reiterado o seu compromisso de trajetória de metas, e ele precisa de fato continuar fazendo. Se os agentes econômicos acreditam que a inflação vai permanecer sob controle, o cenário base é que ela de fato permaneça. Mas é muito importante que o Banco Central fique vigilante para guardar o poder de compra da nossa moeda”, diz Natalie Victal, economista-chefe na SulAmérica Investimentos.
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