Cinco são resgatados de trabalho análogo à escravidão em cafezal de MG
11/07/2025
(Foto: Reprodução) Auditores fiscais encontraram más condições de moradia, ameaças e salários irregulares em fazenda de café de Santa Rita do Itueto, no Leste de Minas. Caso será levado ao Ministério Público. Trabalhadores foram encontrados em situação deplorável, segundo o Ministério do Trabalho
Ministério Público do Trabalho
Cinco trabalhadores rurais foram resgatados de uma situação análoga à escravidão em uma propriedade cafeeira localizada no município de Santa Rita do Itueto, no Leste de Minas. A ação ocorreu nesta quinta-feira (10) e foi coordenada pelo Ministério do Trabalho, com apoio da Polícia Militar de Aimorés.
De acordo com os auditores fiscais, as vítimas tinham entre 25 e 61 anos e foram encontradas em condições degradantes, sem registro em carteira, sem equipamentos de proteção individual (EPI) e alojadas em um imóvel insalubre, com infraestrutura precária e alimentação insuficiente.
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Denúncia partiu de trabalhador que fugiu da propriedade
Segundo o auditor Flávio Pena, a operação foi desencadeada a partir de uma denúncia feita por um promotor de Justiça da Comarca de Resplendor. Ele ouviu o relato de um trabalhador que teria fugido da fazenda, atravessando o cafezal, até chegar à cidade. Após ser detido por pequenos furtos, ele revelou a situação vivida por colegas durante a colheita do café.
“Montamos uma operação com quatro viaturas, inclusive com policiais em carros descaracterizados. Quando chegamos, encontramos cinco trabalhadores em uma situação deplorável”, relatou o auditor.
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Ministério Público do Trabalho
Alojamento sem estrutura e ameaças para impedir fuga
Durante a inspeção, a equipe constatou que os trabalhadores dormiam em colchões finos no chão, sem roupas de cama, em um imóvel com teto danificado, janelas frágeis e sem forro. A alimentação era limitada, à base de arroz e ovos. Os trabalhadores disseram que não podiam deixar a fazenda antes do fim da colheita e que sofriam ameaças caso tentassem sair.
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Além disso, o pagamento era feito de maneira irregular, “conforme a vontade do empregador”, segundo os auditores. Alguns trabalhadores ainda tinham valores em aberto, que foram quitados somente após a intervenção da fiscalização.
Responsável reconheceu irregularidades
O dono da propriedade admitiu as más condições de trabalho, mas alegou não ter condições financeiras de arcar com o transporte e as verbas rescisórias dos empregados.
O caso será encaminhado ao Ministério Público. Um relatório com todos os detalhes da operação será elaborado e poderá embasar medidas judiciais.
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