Influenciador T10 e esposa, Ingrid Ohara, estão entre presos em operação da PF contra lavagem de dinheiro ligada ao tráfico
15/10/2025
(Foto: Reprodução) Influenciador T10 e a esposa Ingrid.
Reprodução/ Instagram
O influenciador digital Tácio Leonardo Costa Dominguez, conhecido nas redes sociais como T10, e sua esposa, Ingrid Ohara Silva Nogueira, também influenciadora, foram presos nesta terça-feira (14) na mesma operação da Polícia Federal que prendeu o influencer Bruno Alexssander Souza Silva, conhecido como Buzeira.
A operação visa desarticular um esquema de lavagem de dinheiro vinculado ao tráfico internacional de drogas. O casal é suspeito de lavagem de dinheiro e de associação com o contador Rodrigo de Paula Morgado, apontado como um dos operadores do esquema investigado.
No total, são cumpridas 11 ordens de prisão e 19 mandados de busca e apreensão em quatro estados brasileiros: São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Carros de luxo importados, joias e dinheiro em espécie estão entre os itens apreendidos.
De acordo com a PF, Ingrid Ohara foi a quarta maior beneficiária de recursos ligados a Morgado no período analisado pela investigação. Entre 2023 e 2024, ela teria recebido R$ 9,45 milhões, distribuídos em 23 transações bancárias ao longo de um ano. Os valores, segundo os investigadores, seriam provenientes de operações de lavagem de capitais.
Polícia Fedeal faz operação contra o narcotráfico
Em uma de suas contas, T10 tem quase 800 mil de seguidores no Instagram. Pelas redes sociais ele promovia empresas de apostas, tendo, inclusive, uma própria: O Novo Milionário. Além de exibir a rotina com a família e amigos, entre eles o influencer Gato Preto e o Mc Ryan.
A esposa de T10, Ingrid, também se apresenta como influencer de lifestyle. No Instagram, ela tem mais de 300 mil seguidores.
Influenciador T10.
Reprodução/ Instagram
O advogado do casal acompanhou o cumprimento dos mandados e gravou entrevista com a equipe da PF. A defesa afirma que os dois negam envolvimento com qualquer atividade ilegal e que os valores movimentados têm origem em contratos publicitários e trabalhos como influenciadores digitais.
A investigação aponta que o dinheiro do esquema pode ter sido direcionado para o setor de apostas eletrônicas, as chamadas bets. As medidas judiciais incluem ainda o bloqueio de bens e valores que somam mais de R$ 630 milhões.
Ingrid Ohara.
Reprodução/ Instagram
Empresa do influencer.
Reprodução
Prisão de Buzeira
O influencer Bruno Alexssander Souza Silva, conhecido como Buzeira, foi preso pela PF
Divulgação/Redes Sociais
Com mais de 15 milhões de seguidores, Buzeira ganhou notoriedade nas redes sociais promovendo rifas e sorteios de carros, artigos de luxo e ações promocionais. (Leia perfil dele aqui.) A defesa dele não foi localizada pela reportagem.
PEÇA-CHAVE: Contador Rodrigo Morgado é apontado como operador de esquema que lavava dinheiro do tráfico em apostas; entenda como funcionava
PERFIL: Quem é Buzeira, influencer com 15 milhões de seguidores preso pela PF
Carros de luxo, joias e dólares: o que foi apreendido em operação que prendeu Buzeira
Quem é o empresário preso pela PF que sorteou carro e tirou prêmio de funcionária
O empresário Rodrigo Morgado, que ficou conhecido após sortear um carro em uma festa da empresa e tomar o veículo da funcionária sorteada, também foi preso.
O advogado Felipe Pires de Campos, que faz a defesa de Rodrigo Morgado, informa que "ainda não teve acesso à íntegra do processo ou aos elementos que embasam a medida, mas ressalta, desde já, que Rodrigo Morgado é inocente".
A defesa acrescentou ainda que ele "sempre atuou exclusivamente como contador, prestando serviços de natureza técnica e regular a diferentes clientes, dentro dos limites legais da profissão". Afirmou que "confia que, com o avanço das investigações e a completa análise dos autos, a verdade será restabelecida e a inocência de Rodrigo Morgado plenamente reconhecida".
O delegado Marcelo Maceiras, da PF, explica que era um "sistema de remessa e lavagem de dinheiro para o exterior, num montante considerável, envolvendo corretoras de criptomoedas e algumas empresas de aposta online, conhecidas como bets".
"O foco da operação foi a descapitalização da organização criminosa. Nós pedimos o bloqueio de mais de R$ 630 milhões que foi deferido pela Polícia federal, além da apreensão de carros, aeronaves, jet-skis e imóveis em poder da organização criminosa”, completou.
O delegado disse, ainda, que algumas empresas de apostas online eram legalizadas pelo governo e outras apenas fachada para encobrir a origem ilícita dos recursos.
“Algumas bets eram, sim, regularizadas. Nós temos informação que parte do valor necessário para conseguir a licença dessas bets tem origem ilícita. Outras bets tem sede no exterior e precisamos aprofundar as investigações para ter mais informações sobre essas empresas”, afirmou Maceiras.
Polícai Federal apreende carros importados durante a 'Operação Narco Bet', na manhã desta terça-feira (14).
Divulgação/PF
Operação
A Operação Narco Bet conta com apoio e cooperação da Polícia Criminal Federal da Alemanha (Bundeskriminalamt – BKA), responsável pela execução de medida cautelar de prisão contra um dos investigados atualmente localizado em território alemão.
A ação é um desdobramento da Operação Narco Vela, que em abril mirou a repressão ao tráfico de drogas por via marítima, a partir do litoral brasileiro.
As investigações indicam que o grupo criminoso usava criptomoedas e enviava recursos para contas no exterior para tentar esconder a origem do dinheiro ilícito.
Os alvos da operação poderão responder pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa, com indícios de atuação transnacional, segundo os investigadores federais.
Viatura da Polícia Federal
Polícia Federal