Grande Recife tem primeira suspeita de intoxicação por metanol; Pernambuco soma cinco casos em investigação
02/10/2025
(Foto: Reprodução) Suspeita de intoxicação por metanol: Secretaria de Saúde de PE investiga primeiro caso em Olinda
Um quinto caso suspeito de intoxicação por metanol foi registrado em Pernambuco, onde três mortes são investigadas. O novo registro é de uma moradora de Olinda que bebeu vodca e está internada com náuseas, episódios de vômito, dor de cabeça e visão turva. Essa notificação, divulgada nesta quinta-feira (2) pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), é a primeira em uma cidade do Grande Recife (veja vídeo acima).
Essa mulher, de nome e idade não divulgados, tem quadro clínico estável e segue em acompanhamento. Ela foi internada em uma unidade de saúde do Recife e contou que buscou atendimento médico em 29 de setembro, três dias depois de apresentar sintomas após ingerir a bebida alcóolica.
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Dos cinco casos suspeitos registrados em Pernambuco, quatro casos foram notificados à Secretaria Estadual de Saúde até esta quinta-feira (2), sendo uma pessoa morta e um paciente com perda de visão, em Lajedo, no Agreste; e uma morte em João Alfredo, na mesma região do estado, além do caso dessa moradora de Olinda.
A Polícia Civil, no entanto, aponta que um homem também bebeu um uísque possivelmente contaminado em Lajedo e morreu antes de ser encaminhado ao Hospital Mestre Vitalino (HMV), em Caruaru, que é a unidade de saúde que fez as notificações à Secretaria Estadual de Saúde e ao Ministério da Saúde.
Casos investigados em Pernambuco
Entre os suspeitos de contaminação por metanol no estado, estão os seguintes casos:
Celso da Silva, de 43 anos, de Lajedo, que deu entrada no Hospital da Mestre Vitalino no dia 2 de setembro e morreu uma semana depois, no dia 9 do mesmo mês;
Marcelo dos Santos Calado, de 32 anos, morador de Lajedo, que deu entrada no HMV no dia 4 de setembro e recebeu alta no dia 23 do mesmo mês, com perda da visão;
Ronaldo de Lima Melo, de 30 anos e morador de João Alfredo, internado no dia 26 de setembro no HMV e com morte confirmada na terça-feira (30);
Jonas da Silva Filho, de idade não informada e morador de Lajedo, que morreu na madrugada do dia 29 de agosto, antes de ser transferido para o HMV (caso não notificado à SES até a última atualização desta reportagem);
Uma mulher, de nome e idade não divulgados, moradora de Olinda e que deu entrada em uma unidade de saúde no Recife;
Investigações
Segundo a polícia, há indícios de que os três casos possíveis de contaminação por metanol em Lajedo tenham partido de garrafas de uísque compradas por uma das vítimas, em um caminhão na cidade de Belo Jardim, no Agreste de Pernambuco, para revenda.
Por não suspeitar de contaminação, ainda segundo o delegado titular de Lajedo, Cledinaldo Orico, o próprio comprador tomou a bebida, acompanhado de dois cunhados, enquanto acontecia um festival de rock na cidade.
De acordo com o delegado, garrafas de uísque foram entregues à polícia pela esposa de uma das vítimas, que suspeita de adulteração. A confirmação da contaminação por metanol depende dos exames periciais.
Enquanto a polícia apura a origem da bebida, a Apevisa anunciou a ampliação do processo de fiscalização e notificação em todo o estado. A ação contará com participação conjunta de órgãos como o Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), o Ministério Público e o Ministério da Agricultura.
Já a SES, como medida de monitoramento contínuo, reuniu representantes técnicos das áreas de Vigilância em Saúde, Atenção à Saúde, Regulação de Leitos e Vigilância Sanitária para acompanhar as notificações e a elaboração de medidas de controle. Além disso, vai atuar na rede de saúde para o manejo clínico dos pacientes com perfil de sintomas da intoxicação.
Cuidados com o consumo de destilados
Imagem de arquivo mostra bebida destilada
Reprodução/TV Globo
A SES recomenda que a atenção seja redobrada com relação ao consumo de bebidas alcoólicas destiladas, como vodca, gin, cachaça e uísque, por causa do risco de adulteração com substâncias tóxicas.
Entre as orientações aos consumidores, a Apevisa reforçou que é recomendado:
comprar bebidas alcoólicas em estabelecimentos licenciados pela Vigilância Sanitária;
observar se o lacre da garrafa está intacto;
conferir se o rótulo apresenta fabricante, teor alcoólico, composição, datas de fabricação e validade;
procurar o registro de 13 dígitos do Ministério da Agricultura, exigido para todos os produtos alcoólicos.
Para comerciantes, a recomendação é redobrar o cuidado na escolha de fornecedores. Preços muito abaixo do mercado podem ser indício de adulteração.
Nos bares e restaurantes, a Apevisa sugere que o cliente peça para ver a garrafa da dose que será servida. Já em relação às bebidas prontas, como drinks, a recomendação é consumir apenas em locais licenciados e acompanhados pela Vigilância Sanitária.
Em caso de dúvidas, o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox-PE) funciona 24 horas através do número 0800 722 6001. Denúncias também podem ser feitas à Ouvidoria da SES, pelo número 136; ao Procon no número 0800 282 1512; e à Delegacia de Crimes contra o Consumidor, pelo telefone (81) 3184-3835.
Infográfico: o impacto do metanol no corpo humano.
Arte/g1
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