Clubes de leitura crescem no Cariri e promovem espaços de encontro e convivência

  • 14/10/2025
(Foto: Reprodução)
Caminhos da Educação: conheça clubes de leitura do Cariri No Cariri cearense, iniciativas de leitura têm surgido como resistência — e como reencontro. Os clubes de leitura têm ganhado espaço e significado. São encontros que vão além das páginas: trazem escuta, acolhimento e transformação. Em Juazeiro do Norte, duas professoras decidiram transformar as dificuldades da pandemia em oportunidade. Criaram um clube de leitura que começou online e, quatro anos depois, segue firme no formato presencial. O grupo reúne mulheres entre 35 e 60 anos, uma vez por mês, para debater autores e temáticas diversas. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Ceará no WhatsApp "A gente não segue uma linha somente de autores nacionais ou internacionais. Procuramos trabalhar temáticas. Como nesse mês nosso trabalho é a partir da literatura de cura, que é uma literatura asiática. Às vezes a gente trabalha um clássico, uma literatura contemporânea, mas com temáticas diversificadas para que elas possam sair das suas zonas de conforto", explica uma das idealizadoras, Dalva Alencar. Clube de leitura em Juazeiro do Norte Claudiana Mourato O clube tem dois grupos, cada um com quase 20 participantes, entre professoras, fisioterapeutas, advogadas e psicólogas. "É uma reunião de mulheres incríveis que se encontram todos os sábados na perspectiva de preencher esses dias com algo que vai além do conteúdo, com vínculos afetivos. É uma experiência que começou a partir de um sonho, mas que hoje consiste na reunião dessas mulheres, e é muito especial para a gente", conta a professora Mônica Nóbrega, também idealizadora do clube. VEJA TAMBÉM: Resistência viva: Museus Orgânicos do Cariri preservam memória, natureza e ancestralidade Sobrevivente de abuso na infância, cearense se torna ativista e lança livro sobre o tema: 'Literatura é instrumento poderoso' Um dos diferenciais do clube é a assinatura mensal. As participantes recebem uma caixinha surpresa com um livro, uma carta sobre a escolha e pequenos mimos — como marcadores de página e cards colecionáveis. O momento de abrir a caixa é quase ritualístico, cheio de expectativa e carinho. A escritora e professora Soderlânia Oliveira é uma das participantes. Para ela, ler é mais do que hábito — é cura. “Ler me cura, é afeto, é tudo. Eu conheço novos mundos, novos lugares. Sou autora de livros infantis e sempre abordo a educação inclusiva. A leitura ensina desde cedo a importância de conviver com as diferenças”, conta. Projeto Nordestinados Grupo "Nordestinados a ler" começou a partir de um blog literário. Claudiana Mourato Na Universidade Federal do Cariri, outro projeto também tem feito história. O “Nordestinados a Ler” começou como um blog literário e se transformou em clube de leitura. A proposta é valorizar autoras nordestinas e promover discussões mensais sobre gênero, território e identidade. "Além de incentivar a escrita, a gente faz uma vez por mês a discussão literária. Cada mês um estado da região Nordeste é escolhido para que a gente possa fazer essas leituras. A gente lê cada um na sua casa no melhor momento e depois se reúne e faz essas discussões sobre tudo o que perpassa o gênero feminino", explica a idealizadora Luciana Bessa. Para ela, o principal objetivo é que literatura da região chegue aos mais diversos públicos. "Todas essas pessoas que participam do projeto já são leitores, mas quando chegam aqui a frase que eu mais escuto é: 'Eu não conhecia essa escritora, eu não fazia ideia que ela era brasileira'. Esse conhecimento dessas escritoras, é esse olhar para a literatura do nosso próprio país e para a nossa própria região". A proposta do "Nordestinados a ler" é valorizar autoras nordestinas. Claudiana Mourato O blog recebe textos de todo o Brasil e, ao final do ano, publica uma coletânea com os melhores. O projeto também chegou às escolas de Crato e Juazeiro do Norte, revelando talentos escondidos. “Tem muito estudante que escreve e guarda na gaveta por vergonha. Escrevem contos, poesias, crônicas, e quando esses textos chegam até nós, é emocionante”, diz Luciana. O bibliotecário Emerson Soares participa do blog desde o início. "A gente pensou no blog como uma espécie de canal para que as pessoas consigam publicar esses textos. Desde 2020 a gente vem trabalhando. Nos textos as pessoas conseguem expressar aquilo que muitas vezes elas não conseguem dizer para o outro. E a leitura, ou melhor dizendo, a própria escrita, ela dá essa oportunidade. Então eu posso dizer que é o mais lindo é sentir o que as outras pessoas sentem através da escrita". Muitos dos participantes carregam a leitura como companheira desde a infância. Dina Melo, servidora pública, é uma delas. "Não é simplesmente ler uma obra e discuti-la. Tem todo um contexto sobre a escritora, sobre a obra. Para mim é uma das coisas que eu mais gosto de fazer. Eu cresci gostando sempre de ler bastante. E essa experiência de participar de grupos de leitura é muito rica. Quando a gente participa de um grupo, a gente vê na obra coisas que não tinha percebido lendo sozinho. E a interação social é muito boa também", diz Dina. Ciranda de Livros O clube Ciranda de Livros nasceu com a proposta de compartilhar o amor pela literatura. Arquivo pessoal O que começou como o sonho de uma leitora apaixonada por livros se transformou, ao longo de dez anos, em um espaço de encontros, descobertas e vínculos. O clube Ciranda de Livros, criado pela dentista Aline de Alencar, nasceu com a proposta de compartilhar o amor pela literatura — e hoje é também um lugar de escuta, acolhimento e transformação pessoal. “A ideia era fazer um grupo com vários mediadores, onde cada participante levasse um livro diferente e apresentasse à sua maneira. Dentro da Ciranda, descobrimos pessoas incríveis — e elas também se descobriram. Muitas desenvolveram aptidões que levaram até para o trabalho”, conta Aline. Instalado inicialmente dentro de uma livraria da cidade de Juazeiro do Norte, o clube realizava encontros mensais. No primeiro ano, a temática era livre. A partir do segundo, vieram as chamadas “viagens literárias”, com leituras guiadas por temas ou países de origem dos autores escolhidos. O clube Ciranda de Livros foi criado há dez anos. Arquivo pessoal Com a pandemia, em 2020, a livraria precisou fechar. Mas o grupo não parou. Os encontros migraram para o ambiente virtual e seguiram firmes por três anos. Em 2023, Aline precisou se afastar por motivos profissionais — e foi então que a psicóloga Júlia Barreira assumiu a condução da Ciranda. “Fiquei inquieta e propus que os encontros fossem no meu consultório. Convidei os cirandeiros e começamos ali. Mas logo veio o desejo de sair das paredes e ocupar os cafés da cidade”, conta Júlia. Mais do que literatura, a Ciranda virou espaço de partilha existencial. “A gente fala sobre a vida, sobre assuntos diversos. Alguns surgem a partir de uma leitura, mas enveredam por grandes discussões. O encontro é sempre cheio de energia. A sensação de bem-estar dura dias. É afetivo e literário. Me sinto privilegiada em participar”, diz a psicóloga. Para a advogada Raynara Sousa, que participa há dois anos, os encontros são terapêuticos. “A leitura sempre foi um refúgio desde criança. Mas eu sentia falta de partilhar o que estava lendo. O grupo é acolhedor, de muita escuta e sintonia. É realmente um espaço terapêutico.” A professora aposentada Flaith Bezerra está na Ciranda desde o início. Foi o primeiro grupo literário que ela participou. “Foi o pontapé inicial. A partir dele, conheci várias pessoas e entrei em outros grupos online. A Ciranda despertou isso em mim — e isso é muito importante.” Biblioteca Aqui e Agora O clube literário Biblioteca Aqui e Agora reúne cerca de vinte mulheres jovens em encontros mensais. Arquivo pessoal O que começou como uma tentativa de lidar com a solidão se transformou em um espaço de escuta, afeto e troca de experiências. Há um ano, a psicóloga Maria Beatriz de Souza Lima decidiu criar um clube de leitura em Juazeiro do Norte, no Ceará. Ela encontrou apoio imediato na amiga e também psicóloga Emilly da Silva. "Eu tinha recém-casado e me sentia só, por isso decidi criar esse movimento. Nós duas somos psicólogas e achamos que seria interessante ter um encontro mensal pra socializar e falar de algo que gostamos tanto, que é a leitura", conta Maria Beatriz. Batizado de Biblioteca Aqui e Agora, o clube reúne cerca de vinte mulheres jovens em encontros mensais. Os cafés de Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha viraram cenário para conversas que vão muito além das páginas dos livros. "É muito importante manter esse compromisso com a leitura, não sentimos a pressão de ler o mesmo livro. Lemos o que sentimos vontade de ler. São muitas visões que a gente consegue ter, é muito benéfico e enriquecedor. Promovemos reflexões, trazemos um pouco de cada nós", afirma Emilly, também idealizadora do clube. A proposta é simples: cada participante escolhe o livro que deseja ler e, no encontro, compartilha suas impressões. O resultado é uma troca rica, plural e acolhedora. Segundo a psicóloga Silvia Morais, é comum que clubes de leitura sejam majoritariamente femininos. “"É um espaço para lidar com as questões delas. No grupo ela se sente segura, recebe apoio das pessoas que estão participando. Muitas vezes não encontram em casa ou no trabalho esse apoio. No grupo ela consegue compartilhar sobre um problema de saúde, ou com a família. Algo que ela não consegue compartilhar ou não consegue falar para o marido. Essas coisas elas acabam compartilhando com o clube e recebendo até conselhos”, diz a psicóloga. Além de estimular o hábito da leitura, o clube se tornou um ambiente de escuta ativa e fortalecimento de vínculos. “Os livros ajudam a conectar o que é a vida real com o que está na literatura. E isso gera identificação, conforto e até soluções para problemas pessoais”, explica Silvia. Assista aos vídeos mais vistos do Ceará

FONTE: https://g1.globo.com/ce/ceara/cariri/noticia/2025/10/13/clubes-de-leitura-crescem-no-cariri-e-promovem-espacos-de-encontro-e-convivencia.ghtml


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